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Transformações na paisagem e dinâmica de uso e cobertura da terra em Rondônia, Amazônia Brasileira

Mateus Batistella



O processo de desflorestamento e colonização da Amazônia Brasileira tem chamado atenção desde o início dos anos 70. O fenômeno tem sido associado às mudanças climáticas globais, à alteração dos ciclos biogeoquímicos, à dinâmica de uso e cobertura da terra e à diminuição da biodiversidade. Esta dissertação enfoca uma área de aproximadamente 3.000 km2 do Estado da Rondônia, no oeste da Amazônia. Dois assentamentos criados na mesma época, com características biofísicas semelhantes, e colonos de condições sócio-econômicas similares foram comparados para analisar o impacto de seus diferentes desenhos arquitetônicos e institucionais na dinâmica de uso e cobertura da terra e na transformação da paisagem. Vale do Anari foi planejado de acordo com um sistema viário ortogonal. A maior parte de Rondônia foi colonizada segundo este modelo. Em Machadinho d'Oeste, maior atenção foi dada à topografia na implementação das glebas e das propriedades, além de incluir reservas florestais com direito de uso comum aos seringueiros locais. O trabalho de campo foi realizado em conjunto com o uso de imagens multi-temporais de sensores remotos (1988-1998), integração em sistema de informações geográficas (SIG) e métodos de ecologia de paisagens. Os resultados indicam que as reservas comuns são responsáveis por menores níveis de fragmentação em Machadinho d'Oeste, onde 66% da cobertura florestal foi mantida em 1998 (após 15 anos de colonização), em comparação com apenas 51% em Anari. Sem as reservas, a cobertura florestal em Machadinho é também de 51%. Embora análises ao nível da propriedade tenham mostrado que a área desmatada por propriedade por ano é a mesma em ambos os assentamentos para o período de estudo, em Anari a taxa de desmatamento foi menor antes de 1988 e maior entre 1994 e 1998. Além disso, a conversão para pastagens é mais significativa no modelo de 'espinha de peixe' de Anari. Análises da estrutura da paisagem confirmaram que Machadinho é menos fragmentado, mais complexo e mais interconectado. A combinação de decisões de interesses privados para as propriedades e de decisões comunitárias para as reservas indica que esse desenho arquitetônico e institucional pode produzir efeitos sociais e ambientais positivos. Pela comparação de desenhos diferentes de assentamento, esta dissertação contribui à reavaliação de estratégias de colonização na Amazônia.




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